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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

OS “CONTOS" DE EÇA DE QUEIRÓS

É como conteur que Eça se revela um escritor magistral e muito versátil, afastando-se dos rótulos de realista e naturalista que habitualmente lhe atribuíam em virtude da sua adesão à Geração de 70. Eça participou em conferências realizadas no casino Lisbonense (em 1871), que são um verdadeiro manifesto geracional. Os seus contos, curtos (cf., sobretudo, “Frei Genebro”), têm, apesar de tudo, as soberbas e alongadas descrições que eram apanágio de um autor realista, sendo verdadeiras peças de arte (porque foram "polidos” minuciosamente) sob o ponto de vista retórico.
Publicados já no século XX (1902), os “Contos” são a prova de que este autor tinha (afinal) múltiplas influências: era o naturalista e realista em “Singularidades de uma Rapariga Loura”, como considerou Fialho de Almeida que foi mais longe ao declarar que esta foi a primeira narrativa realista escrita em português; o admirador dos clássicos greco-latinos, em “A Perfeição”; o conhecedor da Idade Média em “A Aia” e em “O Tesouro”(conto que também denota influências clássicas, quando se aborda o tema da ambição humana) e finalmente o autor que sofria pelo dilema de ser crente, ou de seguir os preceitos da Geração de 70, como se comprova em “Frei Genebro” (implicitamente; se discute o tema é porque se encontrava, por esta altura, dividido. Mais adiante, quando da terceira fase da sua obra, acaba por ser personagem central do ambiente social e político, abdicando do seu papel de ser participante na realidade colectiva ).

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