Sintra

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Sintra - Portugal vale a pena!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Natal



Mais um Natal está a chegar e a mesma magia transborda.
Curioso, já pensaram como nos modificamos nesta época?
Uns, que não são católicos, poderão dizer que o Natal não tem significado, e para eles é apenas mais um dia como outro qualquer.
Celebrar o nascimento do menino Jesus, não lhes diz absolutamente nada.
Eu respeito, sim, claro que respeito. Todos temos direito à nossa opinião,às nossas crenças ou à não existência delas.

Mas, não se sente um espírito diferente nesta época? Não estamos mais receptivos à dádiva, ao olhar para o nosso lado e realmente ver a pessoa que lá está? Não nos preocupamos mais em doar aquilo que temos, ainda que os tempos de crise não permitam dar muito, mas dar do pouco que temos para quem não tem nada?

Festejo esta época sempre com grande alegria.
Já partilhei convosco anteriormente, o quão importante é a elaboração do presépio. Volto à infância, por momentos volto a sentir o cheiro da lareira acesa, a família reunida na ceia de natal, a euforia das crianças que iriam receber os presentes (na minha infância, era o Menino Jesus que dava os presentes, não o Pai Natal), a ida à missa e beijar o menino Jesus. Todos esses momentos me marcaram.

Volto a relembrar tudo, ano após ano. Foi algo que ficou profundamente enraizado em mim, pela educação cristã que recebi e acima de tudo pelo apego à família. O quão importante é estarmos juntos de quem gostamos, ainda que nem sempre possam estar todos, mas aquela ceia é especial. Sente-se o amor a pairar sobre as iguarias prontas a degustar por todos, e preparadas com amor pelas mulheres da família, que foram passando as receitas às filhas que passarão às seguintes gerações. Contam-se estórias antigas, os mais velhos contam os disparates muitas vezes cometidos por aqueles que hoje já são pais e todos riem.

Três gerações em plena comunhão.

Essa ceia é mágica e Natal é isso, é estar com alguém ao nosso lado que nos ame.
Lembro-me sempre de estar na ceia de Natal e os meus pais mencionarem que gostariam que todas as famílias, pelo menos naquele dia, tivessem a mesa farta como a nossa. Sempre nos lembrámos dos que certamente, naquela noite nada têm para comer e pior, ninguém para compartilhar.

Gostaria que todas as crianças pudessem verdadeiramente sonhar com o Natal, sonhar com a possibilidade de estar com quem os ama, sonhar com um prato de comida, sonhar com o brinquedo que gostariam de ter, e que de repente acordassem e tudo fosse realidade.

Gostaria que todas as crianças se lembrassem do Natal como eu me lembro, a família reunida numa mesa farta e a contar estórias antigas num ambiente de paz, amor e união.

A todos os que lerem este texto desejo que o ambiente natalício entre no vosso coração e vos traga uma profunda sensação de paz e amor.

Feliz Natal a todos!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sete anos de pastor Jacob servia


Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: - “Mais servira, senão fora
Para tão longo amor tão curta a vida!”

Tópicos de análise:

1. Um dos poucos poemas de Camões onde se trata um assunto de inspiração bíblica, embora Jacob se sacrifique devido ao amor por Raquel. Este amor acaba por se enquadrar no que se considera ser o alto amor, sendo que este subsiste platonicamente durante catorze anos.
2. Um outro poema de camões onde se trata um tema religioso:”Porque a Terra no Céu agasalhasse”;
3. Eís a história bíblica presente no texto: Labão enganou Jacob, fazendo-o trabalhar para ele durante catorze anos. Prometera-lhe o casamento com uma das filhas, mas deu a Jacob a mão da filha mais velha, Lia. Jacob persistiu e, para ter Raquel, acordou com o Tio que teria de trabalhar mais sete anos, sem qualquer remuneração.
4. Jacob trabalhou durante catorze anos, por amor. E esta é a mensagem bíblica fundamental, que serve esta parábola, tal como o valor da persistência. Por isso, estamos na presença de um poema e sob o ponto de vista formal não subsiste qualquer dúvida quanto a esse facto (soneto italiano; duas quadras e dois tercetos; chave-de-ouro; versos decassilábicos), mas existe um evidente prosaísmo no texto, narrando-se uma história com personagens e respectiva interacção, um tempo histórico específico e, inclusivamente, notamos a existência do discurso directo nos dois últimos versos como se de um texto narrativo se tratasse.
5. Ao contrário de outros poemas de Camões, este rege-se pela simplicidade retórica e linguística. Tal como A Bíblia apresenta uma linguagem igualmente simples, não se divisam no poema os habituais cultismos renascentistas, frequentes na Lírica Camoniana. A figura de retórica mais evidente no texto é o hipérbato (1º verso; 1ª estrofe; 1º e 2º versos da segunda estrofe; dois primeiros versos do primeiro terceto), por óbvias necessidades rimáticas. Um outro recurso, sintáctico ao caso, é o da existência do aposto (2º verso, 1ª estrofe) e o do anacoluto (1º e 2º versos da segunda estrofe).
6. O uso do Pretérito Imperfeito do Indicativo remete a história narrada para os longínquos tempos bíblicos (exemplos: “servia”; “Passava”). Na narração da história está também presente o uso do gerúndio, que implica um prolongamento da acção (“Vendo”).
7. A referência ao “pastor” e à “pastora” foi recorrente durante o Renascimento, por exemplo na corte inglesa (cf. o texto de Marlowe, "The Passionate Shepeherd to His Love");
8. Na chave-de-ouro, certifica-se a ideia de que a duração daquele amor não poderia abranger uma vida curta, como a humana e, sobretudo, o tempo perdido de Jacob que só pode obter a mão de Raquel após catorze anos de extenuantes trabalhos.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A estudar para o teste de Dezembro – 7º ano – Língua Portuguesa


Grau de dificuldade: médio; cotação – 100 pontos;

1 - TEXTO NÃO LITERÁRIO (30 pontos)

Estudo da notícia, da reportagem, do artigo de opinião, de textos de B.D, do texto publicitário, de cartas formais (o exemplo específico dado em aula) e informais;
Interpretação de um texto relacionado com os acima mencionados e respostas a um questionário;

2 – GRAMÁTICA (20 pontos)

Variação da Língua Portuguesa; sílaba e acento de palavra; regras de translineação; sinais de pontuação; relações semânticas e fonéticas entre palavras; formação de palavras; nomes comuns, próprios e colectivos; tempos verbais do Indicativo e Conjuntivo;
Uma questão sobre cada uma das matérias indicadas;

3- LEITURA EXTENSIVA (20 pontos)

Questionário de “verdadeiro ou falso” sobre A Ilha do Tesouro, com incidência especial sobre o resumo entregue.

4- EXPRESSÃO ESCRITA (30 pontos – 5x6)

Redacção de um texto, com apresentação inclusa de esquema, que seja uma reacção a uma proposta relacionada com o Grupo I do teste. Parâmetros de avaliação: 1 - tema e tipologia; 2- coerência e pertinência da informação; 3- estrutura e coesão; 4- morfologia e sintaxe; 5- repertório vocabular; 6 - ortografia;

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

EMAIL SOBRE A GÉNESE DOS ANTÓNIOS


AOS PESSOANOS…a little joke!

NOTA AOS LEITORES MENOS AVISADOS: é necessário conhecer-se os textos e a mundividência pessoana, para que se entenda este texto. Por isso, comece por ler, por favor, a “Carta da Génese dos Heterónimos”!

EMAIL SOBRE A GÉNESE DOS ANTÓNIOS

A Rodolfo Cascais Moiteiro, meu seguidor no facebook

c.c : António Caeiro; António Reis; António de Campos e António Soares.

Lisboa, 13 de Janeiro de 2005

Prezado camarada Rodolfo:

Agradecemos o teu mais recente email e, sobretudo, a sinceridade do teu desabafo para connosco, digo comigo, quanto ao estado daquela “Tabacaria”, na Baixa, junto à “Brasileira”, onde existe uma estatueta de mim próprio, feita no dia do meu “Aniversário”.
Começamos por te pedir desculpas por não te enviarmos o habitual fax, mas hoje é domingo, os correios estão fechados, o nosso pombo-correio tem uma pata magoada, está com medo de voar por influência directa da tanatofobia do António Reis, e, por fim, não pretendemos pensar mais sobre este assunto, porque de dores de cabeça já nos basta a de hoje, que tentamos aguentar estoicamente.
Passamos, digo, passo agora a responder à tua imaginária pergunta sobre a génese dos Antónios, facto que me provocou uma “Velha Angústia”, já que é difícil explicar uma coisa destas a qualquer Pessoa, quanto mais a um professor de Literatura do teu gabarito. A verdade é esta: pontualmente fico possuído por outrem, ou seja, julgo que sou múltiplo! Nestas ocasiões encarno a personalidade, a expressão facial e a forma como escrevem três Antónios que eu muito admiro e de quem te falarei detalhadamente, mais adiante.
“Ó céu!” já pedi “Conselho” a um médico (esse mesmo!). Minto, já tive uma conversa com o farmacêutico do meu bairro, Sebastião de seu nome, que me diagnosticou abulia e histeria…em simultâneo. O problema é que estas transfigurações ocorrem sobretudo no restaurante da esquina, quando vou buscar a minha “Dobrada à moda do Porto” (geralmente fria), ou na drogaria do André, exactamente às 16h20m e 30segundos. E quando ocorrem esses transtornos, começo a gesticular, a estrugir, a ferrear, a ciciar e a falar como o António Caeiro, o António de Campos, ou o António Reis. E as pessoas interrogam-se, ficam estupefactas, desassossegadas. E eu (depois) nem me mexo, pareço um novelo voltado para o lado de dentro e quando me perguntam se me estou a sentir bem, penso: “Abdica, sê rei de ti próprio, deixa de ser plural!”
“-Mas, afinal, quem são estes Antónios!” – perguntas tu, ou suponho que perguntas. E eu pergunto:”-Afinal quantos sou?”
Começo por te dizer que, desde miúdo, em Lisboa e em Durban, que gosto de falar com pessoas imaginárias, com as quais nunca dialoguei efectivamente. É verdade que nunca gravei nenhuma destas conversas, o que é pena para todos nós, mas posso-te afiançar que, em determinada ocasião, falei pessoalmente com a Rainha de Inglaterra, no Palácio de Buckingham, à hora do chá, diante de um prato de scones acabados de fazer. Uma simples conversa bilingue sobre estas minhas imaginações, que ela comentou com muita graça. Numa outra ocasião, entrevistei o pacifista Gandhi, sobre o livro de Tolstoi, Guerra e Paz. Por fim, uma ceifeira alentejana, despreocupada, boa cantadeira, que me disse ser “invejoso”, porque eu lhe tinha dito desesperadamente que pretenderia ter um trabalho daqueles, ao ar livre, sem ter de passar o tempo a ler livros. E, como sabes, ler não é nada, chega é a ser uma maçada!
O primeiro dos Antónios era, inicialmente, só António e nunca leu esta “Mensagem”, (que tive de escrever para ganhar cinco contos de reis). Foi aos seis anos (que saudades!) que isto aconteceu e como não encontrava um segundo nome para esse ser imaginário, ficou “Pá!”. António Pá! Era uma forma fácil de chamar o outro que era eu próprio e era muito musical. Lembro-me vagamente, que noutra ocasião, assumi o papel de um televisivo médico, de barba rala, que coxeava e encarava o acto médico em si, como se um mistério policial se tratasse.
Passados anos, encarnei a figura de António César, quando da sua campanha na Gália, vitorioso de Vercingetórix, para assumir de imediato o papel de Napoleão, às portas de Moscovo, montado num alazão branco, que foi subitamente destituído por António Churchill, durante a Conferência de Ialta, de charuto na boca. Enfim, uma vertigem! Eh-lá-hô!
Digo-te, Cascais, tenho saudades desses tempos!
Como já percebeste, sou múltiplo e também como já percebeste, quando começo a teclar, não paro!
Vou entrar, então, na génese dos Antónios literários, que é o que pretendes saber ocultamente. Foi em 2002, salvo erro, que comecei a escrever poemas pseudo-escritos por António Caeiro, que na realidade é um vizinho meu, do 3º esquerdo, pastor na Malveira e que tem uma característica incomum. Gosta de olhar fixamente as pessoas e depois entra em transe. É verdade que o seu olhar não tem propósitos intimidatórios, pois ele acaba por ser um homem tranquilo.
Foi num dia de Março que eu, recorrendo ao meu Magalhães, escrevi de pé (até começar a sentir um formigueiro nos dois pés) cerca de trinta poemas de sua autoria e todos em redondilha menor e com a costumeira volta ou glosa. Numa luta comigo próprio, deixei de lado a postura, a voz, a escrita deste António e passei a ser eu próprio. Apertava o meu próprio pescoço, numa luta desigual, e cheguei à conclusão que, afinal, o António Caeiro não existia. Mas aí vinha o António de Campos e eu não o sabia! Escrevi então, de rajada, o poema “Chuva Molhada”. Trata-se de um poema interseccionista (e tu bem sabes o que isso significa), onde existem vários planos: chuva/sol; Porto/Benfica; interior/exterior; doce/amargo;
Mas se esse António Caeiro era o chefe dos Antónios, tratei logo de lhe descobrir discípulos e, então, apareceu o António Reis, através de uma visão quimérica que muito me surpreendeu, porque depois a absorvi. Por essa altura, estava eléctrico, neurasténico, e comecei a falar, a agir e a escrever como o António de Campos, surgindo o manifesto futuristico-bucólico intitulado “Bode Triunfal”. E o pior é que eu assumia, por momentos, ora o falar de um, ora de outro e acabámos os três a discutir uns com os outros. Fantástico, não é?!
Quando da publicação da revista “EU?”, surgiu um poema de António de Campos, antes de ter caído sob a influência campesina de António Caeiro, sobretudo do seu gosto desmedido por galináceos. Esse poema é o célebre “Aviário”!
Passo agora à identificação dos três Antónios, porque presumo que queiras saber tudo sobre os evasivos de mim próprio.
António Reis nasceu em 1988, é portuense (sócio nº 1305 do FCP), louco por tripas, tem uma acentuado sotaque da zona do Porto, trocando habitualmente os /v/ pelos /b/, terminando os ditongos nasais em /on/ e chamando “cimbalino” ao habitual café. Entretanto foi para o Brasil, onde abriu um abriu consultório médico conjuntamente com uma médica brasileira, Lídia de seu nome, habitualmente sentada numa secretária contígua à sua.
António Caeiro nasceu em 1980 e em Lisboa, na freguesia dos Olivais, mas viveu toda a sua vida no Campo de Santana. Era pastor, frequentou um curso profissional e Mestre, não o sendo.
António de Campos nasceu próximo de Tavira, em Monte Gordo, no dia 15 de Outubro de 1991 (às 13.31h da tarde). Campos é Engenheiro Mecânico (pelo ISEL), mas agora é pró-activo.
Reis é o mais baixo (1,50m), depois vem Caeiro (1,51m) e só finalmente o altíssimo Campos (1,52m).
Caeiro é louro, de olhos azuis, queimado de solário; Reis moreno, com uma pequena calva; Campos tem cor trigueira, usa óculos de aro escuro e masca pastilha elástica. Reis é monárquico, latinista e semi-helenista; tem simpatia pela Grécia, embora reconheça a gravidade do “problema grego”.
Por que razão escrevo em nome dos três? Simplesmente porque mo pediram e quem sou eu para me contrariar a mim próprio?! Além destes três, não me posso esquecer de António Soares, meu semi-heterónimo, porque é como se tratasse um irmão gémeo, com a simples diferença de que não é apreciador de pastéis de nata, pelos quais eu sou perdido! Qual destes quatro é que escreve melhor o Português? É evidente que é Reis, o latinista. Caeiro escreve muito sobre a realidade do campo, integrando na sua poesia, palavras como “cabeço”; “monda”; “palheiro” ou “galinhas”. Campos gosta de falar de “motores”; “parafusos”; chaves de fenda” ou “alicates”.
Mas que manicómio é este, pensarás tu, ó caríssimo Cascais? Nenhum, direi eu. Vale mais falarmos de factos surpreendentes, como os que te falei, ou falarmos de banalidades como o estado do tempo, que por acaso hoje nem está grande coisa, já que nuvens carregadas e cinzentas é o que há mais no plúmbeo céu por cima da rua do Arsenal e dos Douradores e de toda esta Lisboa. Enquanto te escrevo, aproveito para escrever à minha Ofélia, apesar de considerar Shakespeare, como um “dramaturgo atabalhoado”, não menosprezo a felicidade do nome e, ao meu lado, neste momento está…António Baldaia. Cumprimentos, prezado camarada…

FERNANDO ANTÓNIO NOGUEIRA PESSOA

sábado, 12 de novembro de 2011

UM OUTRO FINAL PARA O VELHO E O MAR, POR NEFASTA INFLUÊNCIA DE MOBY DICK



- Santiago..- a interpelação provinha de Manolito, que folheava, atentamente, as historias de “Mafalda”.
- Sim? – Perguntou o Velho (El Viejo).
- Por que razão não pescas há 84 dias?
- Por que não pesco qualquer coisa! Qual é o interesse de andar sozinho no mar, a pescar carapaus, ou sardinhas?!

Santiago fora considerado um salao e, nos últimos tempos, um “capitalista americanóide”pela comunidade piscatória cubana, que com ele privava diariamente.
“Se não pesco não sou considerado como um homem, mas a verdade é que costumo rachar lenha e essa é uma actividade viril, para a qual é preciso muito mais força de braços” – pensava.
O problema é que, na aldeia, Santiago era invejado, por ser um pescador tecnicamente evoluído.
Assim, para tentar provar que os restantes pescadores cubanos estavam enganados partiu para o mar, em busca de uma baleia branca, conhecida como Moby Dick e que havia arrancado uma perna a um marujo de nome Ahab. Contudo,ao invés dos maléficos sentimentos que Ahab nutria pela baleia, o Velho não a odiava. Bem pelo contrário, até a tratava como “irmã baleia” e, por ela, tinha muito respeito, ou não fosse ele assinante do canal “National Geographic” e simpatizante do movimento "Greenpeace". Após vários dias de um estudo intenso das movimentações da baleia, conseguiu pescá-la graças às mais recentes técnicas de pesca, que incluem naturalmente o uso de arpões térmicos comandados por controlo remoto. Mais tarde, três tubarões tentaram devorar-lhe a presa, mas o Velho recorreu novamente ao seu arsenal. Desta vez três mísseis balísticos foram enviados a partir do que os ingénuos tubarões consideraram ser uma simples embarcação de pesca artesanal.
Regressou à aldeia com a mega-baleia e logo aí foi recebido pelo presidente da junta local com pompa e circunstância. Contudo, e como não era parvo, resolveu transformar em bifes todo aquele imenso peixe, ganhou umas lecas valentes e, com esse dinheiro, conseguiu comprar um iate que fez furor em Havana, conhecendo mais tarde o próprio Fidel de Castro.

O seu iate, aquele por que sempre sonhou, haveria de ter o nome de Pequod, ser comandado pelo famoso Ahab e incluir na tripulação um marujo de nome Ismael. E lá partiram eles da aldeia, todos contentes, em busca da irmã de Moby Dick...

FIM

Todas as cartas de amor são ridículas…por Fernando Pessoa


A propósito de cartas formais e cartas pessoais, aqui fica um poema de Fernando Pessoa. Há que fazer uma leitura posterior da sua correspondência com Ofélia Queirós, para que se perceba este texto. Neste contexto,entender a polissemia da palavra "ridículas" é crucial. A estrofe final é reveladora do intuito do eu poético, tendo em conta que este poema é necessariamente autobiográfico.

Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,

Ridículas. As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas. Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas. A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A DYNAMIC REMIX OF CAMÕES



Amor é fogo que arde sem se ver, (soneto LXXXIV)
É um mover de olhos, brando e piadoso. (soneto XXX)
É [ter] esperança de algum contentamento, (soneto I)
É quando me alegra o [bosque] deleitoso! (soneto XXXV)

É um não querer mais que bem querer, (soneto LXXXIV)
Em mil divinos raios encendidos; (soneto LXXXVII)
É o mais ledo prazer em choro[s] triste[s] (soneto CLXXIX)
Sobre [todas] as rosas esparzidos. (soneto LXXXVII)

É um estar-se preso por vontade; (soneto LXXXIV)
Usar de liberdade e ser cativo, (soneto CXXX)
Em vosso claros olhos escondido! (soneto XXV)

Mas como causar pode seu favor, (soneto LXXXIV)
O Amor, que só o vi em breves anos (soneto CXVI)
E, nessa ausência, tão doces enganos! (soneto CCCXLVII)

sábado, 22 de outubro de 2011

AUTOSOMAGRAFIA


Aos pessoanos:

A partir do repto de Fernando Pessoa: “FECI QUOD POTUI, FACIANT MELIORA POTENTES”, surgiu um poema de pacotilha, quiçá obra de um …pseudo-supra-Fernando Pessoa.

AUTOSOMAGRAFIA

O poeta é (REALMENTE) um sofredor,
Padece tão atrozmente
Que, quando chega essa dor, pensa:
“-Esta é a dor que também a Ophélia [o meu bebé querido] sente!”

Percebem o que eles sofrem?!
[No caso do poeta] é tão grande a artrite que tem,
Que só com Zyloric a resolve
E, por ela, grita como ninguém.

Parece que lhe passou por cima uma roda,
Que lhe fez inchar do pé o dedão,
Pela Baixa deambula e [a muito custo] pensa:
“-Não…”Isto” não é imaginação!”

terça-feira, 18 de outubro de 2011

BACK TO SCHOOL….



Regressamos às aulas… a euforia é contagiante, ver os novos amigos, o material ainda por estrear, etiquetado e pronto a ser usado.
Quem disse que só os alunos anseiam este dia?
Após os meses de Verão, também eu anseio pelas novas turmas, os novos rostos iluminados para voltar às suas rotinas.
Quando estudante adorava aqueles dias antes das aulas começarem, o material escolar era comprado, todo devidamente rotulado, os livros ainda “cheiravam ” a novos e eu olhava para todos, com ânsia de os usar.
Passam os anos e os rituais mantêm-se, quando olho para os alunos, todos contentes com os seu material escolar, as meninas com os estojos, cadernos, afias e restante material da Barbie, Hello Kitty ou Hanna Montana, os rapazes que preferem os super- heróis, Faísca Mcqueen, Ronaldo, Jonas Brothers ou clubes de futebol, faço uma viagem ao passado.
Lembram-se como era? Tempos inesquecíveis!
Apesar de uma parte dos meus alunos serem jovens/adultos aos quais isto passa completamente ao lado, também lecciono a disciplina de Inglês aos mais pequenos.
Confesso que do 1º ao 4º ano não consigo seleccionar qual o ano mais interessante, mas há sempre uma magia especial no 1º ano.
Quem não se lembra do 1º dia de aulas?
E, é vê-los todos orgulhosos, por já estarem na escola dos grandes.
Primeiro dia de aulas, conseguir sentá-los todos e que permaneçam calados, já é uma tarefa árdua. Já viram uma criança de seis anos a brincar? Agora imaginem até 26 todos juntos numa sala de aula!
Ah, e mais importante… apenas um adulto para tomar conta deles!
Um espectáculo!
Apesar do que possa parecer, confesso que adoro!
Claro que a voz desaparece, muitos litros de água ou chá têm de ser bebidos para restabelecer a voz, mas no fim da aula o coração está cheio!
No fim da primeira aula, já sabem que temos o nosso cumprimento e a despedida (sempre em Inglês, claro!) E que a professora, não se chama professora, mas sim Teacher! (muitas vezes confundido como um nome próprio daquela professora que para eles fala uma língua estranha). Já sabem também as regras a cumprir na aula da Teacher, pôr o dedo no ar para falar, estar sentado correctamente, ter sempre o material, nunca falar com os colegas do lado, enfim… coisas difíceis de cumprir!!
No dia seguinte, teremos de repetir tudo, eram muitas regras, já esqueceram a maior parte! Mas os sorrisos nunca faltam e os beijinhos?? Uiii mais que muitos se a Teacher deixar! Abraços também existem em fartura.
E mal chega a Teacher à sala e, antes mesmo da educadora que os acompanhou à sala sair, já estão a olhar para a Teacher e dizer (sem mesmo ter pedido permissão para falar) : “- Teacher, hoje estás muito bonita!”
E pronto… como se pode resistir a isto??

sábado, 15 de outubro de 2011

VALORES CLÁSSICOS E VALORES CRISTÃOS


1- IDEIAS MORAIS E POLÍTICAS DOS ROMANOS (cf. PEREIRA, Maria Helena, Estudos de História da Cultura Clássica – II volume, 2ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1989, pp. 319- 417)

IDEIAS E VALORES COM TANTOS SÉCULOS (ANTES DE CRISTO), MAS INACREDITAVELMENTE ACTUAIS…

FIDES – respeito pelo dever; fidelidade ao juramento; o garante da lei;
PIETAS – sentimento de obrigação para com pais, filhos e parentes; veneração do divino;
VIRTUS – De vir (homem); coragem (o exemplo de Múcio Cévola);
GLORIA – Ser considerado bom pelos homens de bem; ligação com a honra (honor); fama pelos bons actos e para com o bem comum, facto que é testemunhado por todos os que rodeiam um determinado indivíduo;
HONOR – A Honor está ligada ao vir honestus (Pereira, 1989: 338);
DIGNITAS – Segundo Cícero, consiste numa autoridade honesta; ligação com a posição social, o prestígio e a honra pessoal;
GRAVITAS – Qualidade exclusivamente romana (não existia entre os gregos). Vir gravis – o homem sério, grave;
MOS MAIORUM – Costumes dos antepassados. Segundo Énio: “Nos costumes e varões antigos se apoia o estado Romano;” (Idem: 348). A figura de Anquises;
AUCTORITAS – Trata-se de um valor romano e intrínseco; conceito da esfera política e moral, que muito se relaciona com a Virtus; A Auctoritas de Augusto;
CLEMENTIA – Conceito muito ligado às figuras de César e Augusto; actos de clemência praticados pelos imperadores;
CONCORDIA – palavra que traduz homonoia (palavra grega), ou seja harmonia no modo de pensar e de sentir (Ibidem: 364); em consonância com pax, consensus, libertas;
LIBERTAS – Liberdade; apanágio do povo romano que contraria a servitus; o cidadão liberto e virtuoso;
OTIUM CUM DIGNITATE – Tranquilidade e dignidade, associadas à honra; apologia das pessoas equilibradas, tranquilas; o otium intelectualmente produtivo; o estudo;
LABOR- Trabalho; esforço; Na Eneida toda a acção do protagonista é um labor; Referência clássica: labor omnia vincit;
SAPIENTIA – valor grego: Sophia; a libertação em relação à estultícia; o vir fortis sapiensque;
HUMANITAS – Deriva de humanus, mais ainda de homo;

2 - OS VALORES CRISTÃOS – OS DEZ MANDAMENTOS (cf. Cleto, D. Albino et alii, Catecismo da Igreja Católica, Coimbra, 1993)

1º - Adoração ao Senhor;
2º - A santidade do nome do Senhor;
3º - O dia do Senhor;
4º - A família no plano de Deus;
5º - O respeito pela vida humana;
6º - O amor dos esposos;
7º - O respeito pelas pessoas e pelos seus bens; o amor aos pobres; a justiça social;
8º - Viver em verdade;
9º - A purificação do coração;
10º - A desordem das cobiças;

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

30 Questões sobre os capítulos IV a X, de A Ilha do Tesouro de R.L. Stevenson


7º ANO


1. Quem era o pedinte?
2. O capitão Flint era temido na aldeia?
3. Que reflexão faz o narrador sobre a cobardia? (p.23)
4. Que aviso recebeu o Capitão?
5. O que havia no interior da arca?
6. Quantos eram os piratas que se dirigiram à “Almirante Benbow”?
7. O que pretendiam?
8. “ - O que eu quero é o papel do Flint”. Quem disse isto?
9. Como morre Pew?
10. Descreve a casa do doutor Livesey.
11. Descreve o Morgado.
12. Comenta a expressão do morgado: “À vista de Flint, o Barba Negra era uma criança.” (p. 33)
13. O que estava escrito nos papéis de Flint?
14. Fala sobre o mapa da ilha (p.35)
15. Qual era o grande defeito de Trewalney?
16. Como se chamava a escuna onde Jim embarcou?
17. Caracteriza-a (p.39)
18. Quem era Long John Silver?
19. E Arrow? (p.41)
20. No final do VII capítulo existe uma descrição da actividade do porto de Bristol e uma descrição dos homens do mar. Desenvolve esta ideia.
21. A “Casa do Óculo” era propriedade de quem?
22. Como é descrito Long John Silver? (p. 44)
23. Que pensa Jim acerca de Silver? (p.47)
24. Que relação existia entre Trewlaney e o capitão Smollett? (p. 49)
25. Alguém sabia do propósito daquela viagem?
26. Quem embarca nesta aventura? (p.53)
27. Quantos narradores existem nesta história?
28. Arrow tinha autoridade sobre a tripulação? (p. 55)
29. Silver era corajoso? (cf. p. 56)
30. “Trepei para dentro do barril”. Comenta o que acontece de seguida a Jim. (p.58)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Composição - Eneida

Depois de teres estudado A Eneida, redige um texto desenvolvendo a seguinte frase:

“ [um varão, Eneias] a sofrer tantas provações e a enfrentar tantas dificuldades, [mas que veio] para as praias de Lavínio” (Virgílio: 2003, 14)

Bom trabalho!

História do jornalismo


30 QUESTÕES SOBRE A HISTÓRIA DO JORNALISMO

7º ANO

Pesquisa sobre este assunto. Depois responde às seguintes questões:

1. Como terá surgido o jornalismo?
2. Informa-te junto do teu professor de História sobre como eram feitas as trocas de comunicação entre os gregos e os romanos.
3. Como eram divulgadas as notícias durante a Idade Média?
4. Em que século foi inventada a tipografia?
5. Que importância teve a invenção de Gutenberg, nesta questão?
6. Como evoluiu a tipografia durante o Renascimento?
7. Em que século surgiram os primeiros jornais?
8. E em Portugal?
9. Qual a importância dos jornais e dos jornalistas durante a Revolução Francesa?
10. O século XIX foi o século dos jornais diários?
11. Das agências de notícias?
12. Do telégrafo?
13. Quais as vantagens da invenção do telefone e do telégrafo?
14. Onde surgiu a ideia da estrutura da notícia em “lead” e “corpo da notícia”?
15. Afinal o que é o “lead” e o que significa a palavra em si?
16. Qual a importância do jornalismo no contexto da 1ª Guerra Mundial?
17. Conheces jornais americanos?
18. E durante a Revolução Russa?
19. Conheces jornais russos?
20. Refere o papel da imprensa durante a 2ª Grande Guerra. O que mudou em relação à 1ª Grande Guerra?
21. A descoberta da rádio foi importante?
22. Qual o papel da imprensa durante o estado Novo, em Portugal?
23. Refere jornais portugueses dessa época.
24. E a Internet? Veio alterar todo o panorama informativo?
25. E o twitter?
26. E o facebook?
27. Estarão os jornais impressos em perigo?
28. Quais deverão ser as apetências fundamentais para quem quer ser jornalista?
29. Como se modificou o panorama informativo em Portugal, nos últimos 35 anos?
30. Como projectas o futuro da imprensa, no mundo?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

UM OUTRO FINAL PARA A ENEIDA



- Como é cara? É hoje que você vai nos vencer? – Este foi o implícito desafio lançado por Eneias a Turno. Da sua boca, repentinamente, surgiram outras questões. A expressão do centro-avante do Fluminense denunciava a fúria própria de quem vem cimentando o ódio há largo tempo – Você vai hesitar hoje, bicho? Quero ver você marcar mais golos do que eu! Vamo´bora, vamo lá lutar, cara!
Nesse dia solarengo o Maracanã estava a abarrotar. A torcida dos dois “times” agitava-se, mas enquanto se perfilavam as duas equipas antes do início do jogo, Eneias recordava um passado não muito distante.
Carioca de origem, cedo tinha emigrado para a Grécia, para o célebre Beksitas. Um olheiro turco tinha pressentido que estaria ali um jogador de enorme futuro. Com ele foram outros brasileiros: Anquises, zagueiro experiente em final de carreira; Acates, um lateral-esquerdo de grande compleição física e Ascânio, um outro centro-avante, sub-17.
O contingente brasileiro fez prosperar o clube turco, que se tornou poderosíssimo, fazendo um brilharete na complicada Liga dos Campeões.
Eneias revelava-se progressivamente como grande jogador e as suas economias, enviadas para o Brasil, permitiram à família a aquisição de uma casa de férias, na terra de origem do seu pai. Foi ao largo de Setúbal, em Portugal, num istmo paradisíaco, Tróia de seu nome, que a família deste herói comprou (a pronto) um grandioso T3, onde todos passavam férias e se deliciavam com o peixe assado da terra do célebre Mourinho.
Mas como o bem nem sempre dura, o clube turco foi comprado por um grupo de investidores gregos pertencentes à firma Agamémnon&Menelau, lda.
Estes negociantes gregos trouxeram com eles…alguns jogadores gregos: Aquiles, Calcas e Ajax. A Eneias só lhe restava o regresso ao Brasil e ao seu amado Fluminense. E, foi por essa altura, que conheceu Lavínia, filha de um industrial brasileiro. Lavínia vivia em Copacabana e era tal a sua beleza que era conhecida como a “menina do Rio”.
Eneias, “Né” para os amigos, ficou embasbacado assim que a viu, numa esplanada no Leblon, mas percebeu que, a seu lado, estava sentado alguém que ele bem conhecia dos relvados brasileiros, o temível Turno.
Havia pouco tempo que Turno regressara de Itália. Jogara no Inter, mas as saudades do seu país falaram mais alto que os euros e as pastas que tanto apreciava. Regressou para jogar no Flamengo e, aí, voltou a revelar uma tremenda acutilância e codícia pelo golo.
- Lavínia, meu bem, vamos na lanchonete? - Perguntou com convicção.
- Mas, você não tem de seguir uma alimentação cuidada e racional? Pergunto: você pode comer sorvete? – Inquiriu ela, desconfiada.
- Concerteza!
Antes do clássico Fla-Flu, Lavínia prometera que iria ao cinema, para ver a multicolorida animação “Rio”, com aquele que marcasse o melhor golo. Eneias e Turno iriam lutar por isso.
- As suas palavras férvidas não me assustam, feroz jogador! Apenas receio o Destino! – Foi com estas palavras ressentidas, meneando três vezes a cabeça, que Turno resolveu aceitar o desafio de Eneias.
E o jogo começou. Decorreu com tal intensidade, que a “torcida”, sorvendo goles de Guaraná, exultava de emoção.
Próximo do final o embate não se decidia a favor de ninguém e o resultado nulo mantinha-se teimosamente. Até que, por um acaso do destino, Turno ficou isolado. A sua corrida era vertiginosa, mas, a determinada altura, a bola pareceu-lhe pesar uma tonelada. Por isso, foi perdendo a noção de si e a corrida terminou numa simples marcha. A acção dos deuses era tremenda: os joelhos de Turno fraquejavam e um calafrio gelou-lhe o sangue. Olhou para as bancadas, mas nada viu, nem a sua própria irmã.
Perante a hesitação de Turno, Eneias roubou-lhe o esférico e, com grande energia, fez um contra-ataque mortífero. Por essa altura, penetrou na zaga do Fla e, frente a Anteu, o goleiro, rematou. A bola, atingindo o próprio Anteu, acabou por entrar na baliza.
Foi o delírio nas bancadas e a “torcida” do Flu clamou por Eneias e este não perdoou. Nas bancadas, Lavínia parecia estar convencida sobre o mais valoroso guerreiro. Eneias bradou, então, para Turno:
- Você não vai escapar, cara! No jogo anterior, você marcou um miserável golo a Palante, o nosso goleiro. Agora vai haver sangue!
Após ter proferido estas palavras, fez um tremendo (ou massive, como dizem os ingleses) remate de trivela, marcando um golo memorável, que fez entrar em delírio todo o Maracanã.
Nessa noite, Eneias e Lavínia, felizes, viram “Rio” e trocaram juras de amor.

domingo, 2 de outubro de 2011

Hoje lanço o desafio de falar sobre os clássicos para jovens alunos do 3º ciclo...









De vez em quando há que voltar a reler os clássicos, para nos deixarmos envolver pela genialidade dos mesmos e ir absorvendo sempre novas interpretações e diferentes perspectivas sobre as obras, já tantas vezes lidas.


Hoje escrevo sobre o grande poeta da Literatura Inglesa, nem mais nem menos do que…WILLIAM SHAKESPEARE.


Já não sei quantas obras li e reli deste dramaturgo dos séculos XVI / XVII, mas não me canso de o fazer. Como afirmei anteriormente, há sempre algo novo a aprender com uma nova leitura.


William Shakespeare, para os mais distraídos, e caso não saibam, foi um poeta e dramaturgo Inglês e entre as suas obras mais conhecidas, temos os Sonnets (um conjunto de 154 sonetos) e peças de teatro como Romeu e Julieta, Rei Lear, MacBeth, ou Hamlet. Desta última deveremos recordar a famosa frase: “To be or not to be, that’s the question”, ou na língua de Camões: “Ser ou não ser, eis a questão”.


Como muitos poetas, a genialidade de William Shakespeare, não foi reconhecida no seu tempo, mas só mais tarde, no século XIX foi devidamente aclamado e em pleno século XXI as suas obras são constantemente lidas, encenadas ou estudadas. Obras intemporais, como só os grandes poetas sabem fazer!


A obra que seleccionei, foi nem mais nem menos que Hamlet. Que sumariamente se explica como sendo uma tragédia em que o Príncipe Hamlet tenta vingar a morte de seu pai, o rei, que fora envenenado pelo próprio irmão, Cláudio, que após a morte do rei assumiu o trono e casou com a Rainha Gertrudes, a mãe de Hamlet.


Parece-te complicado?!


Nesta peça vamos encontrar os devaneios, a loucura de Hamlet, perturbado pela dura realidade, contada pelo fantasma do seu pai. A coexistência do Mal e do Bem, na natureza humana, é uma das grandes preocupações do autor e a temática central da peça.


Gostaria que partilhassem connosco a vossa opinião sobre as peças de Shakespeare, Hamlet ou outra da vossa eleição, e a ser outra a peça seleccionada, justifiquem o porquê dessa selecção.

sábado, 17 de setembro de 2011

UM OUTRO "AUTO-RETRATO” DE BOCAGE




Gordo, olhos verdes, pele branca
Trinta e dois de pé, grande na altura.
Sempre a sorrir, luminosa figura,
Nariz insignificante no meio da carranca.

Sempre sorridente, sempre sereno,
Menos propenso à ira, do que à brandura.
Bebe cerveja, lamenta a gordura,
Exemplo pacato de bondade e candura.

Encontra na escrita as suas verdades,
Nunca se lhe escuta queixa, ou lamento.
E assegura: “ - Do ócio não tenho saudades!”

Eis Bocage em quem luz enormíssimo talento!
Saíram dele vários auto-retratos, inúmeras possibilidades,
Num dia em que só um resistiu à força do vento.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

UM OUTRO FINAL PARA "A FARSA DE INÊS PEREIRA"




Pêro - Chega! Uma cousa é a personagem que represento,
outra é o eu verdadeiro.
Que raio, afinal também tenho sentimentos e isto é um ultraje!
Recuso levá-la para junto do Ermitão.
Lá porque o seu primeiro casamento correu mal (rilha entretanto uma pêra) …

Inês - Marido cuco me levades
E mais duas lousas.

Pêro - ASSI NÃO SE FAZEM AS COUSAS!
ASSI NÃO SE FAZEM AS COUSAS!
NÃO FAZEM, NÃO!

Inês - Mas (surpreendida)…no guião diz-se que eu vou às suas costas.

Pêro - Recuso-me. Até porque tenho espondilose!

Inês - (cantarolando) Carregado ides, nosso amo,
com duas lousas.

Pêro - Escusa de insistir, Inês. Não vou. Fico!
Não sou parvo!

Inês - Mas era a sua deixa..
Agora teria de dizer “Pois assi se fazem as cousas.”

Pêro - Isso era antes, Inês. Agora acabou.
Ouça verdadeiramente a sua mãe.
Está a ver aqueles dois (apontando para Latão e Vidal)?
Peça-lhes que a levem às costas. Eu vou-me!

Inês - Mas, Pêro (suplicando, desesperada). Ouça, ouça…e as lousas?
O que faço com as lousas?

Pêro - (voltando-lhe as costas) Dê-as ao Ermitão…depois de ter subido esse enorme morro!


E assi se vão, e se acaba o dito Auto.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Évora – Aemerita Augusta (Mérida)


Um percurso de visita pelo Alentejo é também uma viagem às memórias de um país. São várias as fortificações existentes ao longo deste trajecto e estas são testemunhas privilegiadas de fortaleza, de protecção, de instabilidade, de crença numa pátria, de medo e horror. Avistam-se da A6 e surgem paulatina e surpreendentemente aos olhos do viajante, como se este visionasse um qualquer filme histórico.
O tempo ameno e os tons macilentos da tórrida planície são inesquecíveis. A primeira paragem obrigatória é Évora (Património Cultural da Humanidade), local onde reluz um legado cultural dos mais ricos do país, fruto da presença regular da monarquia portuguesa. Cidade onde o frescor e o cálido coexistem.
Évora do recinto megalítico de Almendres, Évora das ruas medievais, da Praça do Giraldo, da Catedral, do Castelo Velho, da Universidade, do aqueduto da Água de Prata,da igreja da Graça, da praça de Sertório, do templo de Diana, das casas caiadas de branco e das sombras contrastantes dos interiores do casario. Évora é isto, mas é também o seu povo, carismático, integrado no cenário da cidade.
Esta viagem, que marca para sempre a nossa memória individual, é também um roteiro pela gastronomia - sobretudo pela experiência inesquecível que é degustar uma sopa de cação. Sabores únicos que se diluem na planície!
Em Estremoz outros monumentos que nos embevecem: O castelo, a igreja matriz de Santa Maria, a capela da Rainha Santa, o Pelourinho, a igreja de Santiago, o Museu de Arte Sacra, etc. Em Vila Viçosa o paço Ducal, a capela real, o Museu de Arte Sacra.
Porque nós somos esses monumentos!
Terra de Florbela Espanca, sempre omnipresente. E a fortaleza da sua poesia, gerada por uma personalidade sensível, incorpora a solidez daqueles mármores alvinegros.
Elvas, terra de justas e de encontros da realeza Ibérica, loca de transição para a Estremadura.
Daí até aos prémios de Augusto. Mérida, nasceu das ofertas de terras aos legionários reformados, que obtiveram a sua recompensa após o seu (longo) dever militar.
O Teatro Romano é impressionante, é como se regressássemos ao passado através de uma máquina do tempo que ainda não foi inventada. À frente do palco o coro, antes três saídas, o cenário e…seis mil lugares. Uma acústica soberba, fruto do engenho humano. Mesmo ao lado, o Anfiteatro, onde ainda se pressente os gritos dos gladiadores e o ardor das corridas de quadrigas. As pontes e o templo de Diana. As pontes e o Arco de Trajano.As pontes!
Como nos relacionamos com esta antiga cidade? Só desta forma: Mérida foi a capital da Lusitânia!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Estabelecer uma comparação entre "Falar Verdade a Mentir" de Almeida Garrett e o filme "O Mentiroso compulsivo", com Jim Carrey


1 – Resume as duas histórias.

2- Qual o problema (conflito) que dá origem às duas intrigas?

3- Que relação existe entre uma e outra história?

4 – Fala agora das seguintes personagens:
-Duarte
-Amália
-José Félix
- Joaquina
- Brás Ferreira
- Max
- Fletcher Reed


5 – Descreve os espaços onde decorrem as duas intrigas.

6- Qualquer um destes textos pode ser considerados como uma comédia. O que nos faz , efectivamente, rir nas duas histórias?

terça-feira, 14 de junho de 2011

Porto Covo






Rui Veloso/Carlos Tê

Roendo uma laranja na falésia
Olhando o mundo azul à minha frente,
Ouvindo um rouxinol nas redondezas,
No calmo improviso do poente.

Em baixo fogos trémulos nas tendas,
Ao largo as águas brilham como prata
E a brisa vai contando velhas lendas
De portos e baías de piratas.

Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira,
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Covo.

A lua já desceu sobre esta paz
E reina sobre todo este luzeiro,
Á volta toda a vida se compraz
Enquanto um sargo assa no braseiro.

Ao longe a cidadela de um navio
Acende-se no mar como um desejo,
Por trás de mim, o bafo do destino
Devolve-me à lembrança do Alentejo.

Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira,
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Covo.

Roendo uma laranja na falésia
Olhando à minha frente o azul-escuro,
Podia ser um peixe na maré
Nadando sem passado nem futuro.

Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Covo.

QUESTIONÁRIO:

1 – Faz a análise formal da primeira estrofe (classificação estrófica, combinação de rimas, esquema rimático. Faz, também, a divisão das sílabas métricas do primeiro verso. Verifica se há isometria no poema.)

2- Tem em conta que este poema é, também, uma belíssima descrição literária. Aponta os momentos descritivos e as categorias morfológicas utilizadas nessa mesma descrição (adjectivos, nomes e marcas de espaço e de tempo que favoreçam a descrição).

3- Indica o tema e assunto de todo o poema (antes faz a pesquisa das palavras que não entendas).

4 – Tenta perceber qual o estado de espírito do eu poético (cf. 1ª estrofe).

5 – Identifica os recursos retóricos das duas primeiras estrofes.

6 – O que achas que torna este texto singular? Relaciona-o com a música que conheces (cf. you tube).

sábado, 4 de junho de 2011

BLOGUE TEXTOS&LEITURAS - DEZ MIL VISUALIZAÇÕES

Visualizações (fonte: Blogger): Portugal - 8322; Brasil - 1117, Estados Unidos -88; Coreia do Sul - 59; Reino Unido - 52; Alemanha - 48 ; França - 35; Rússia - 29; Taiwan - 26; Canadá - 25

terça-feira, 31 de maio de 2011

Imagine...


Imagine there’s a beautiful sunshine, birds are singing, flowers are blooming, children are playing … and we are living.

Now imagine…

Suddenly clouds appear and start raining… birds stop singing, flowers are not blooming anymore and children stop playing.

The world stops for a few minutes… and we think.

Life is so ephemeral.

And then… clouds dissipate and rays of sun start shinning on our lives.

So we observe the beauty of little things.

Only one feeling lies in our mind… gratitude!

Thank you for being who you are!

sábado, 28 de maio de 2011

REVISÕES 9º ANO




A. Orações subordinadas (divide e classifica):

1- Baco manifestou-se contra os portugueses, no Consílio dos Deuses, porque tinha receio de perder a sua fama no Oriente.
2- Corre, que já lá vem a nau!
3- A sua produção teatral teve tanta importância, que Gil Vicente se tornou famoso.
4- Ele disse que viria à corte, para representar o “Monólogo do Vaqueiro”
5- Camões, que nasceu em Lisboa, frequentou a corte.
6- Se leres a trilogia das barcas, conhecerás melhor a obra de Gil Vicente.
7- Embora Gil Vicente tenha escrito inúmeros autos, coube ao filho a compilação das suas obras.
8- Mal acabou de estudar a estrutura externa, percebeu que grande número de versos eram decassílabos heróicos.
9- Trata-se do plano da viagem, como se verifica nos cantos I, II, V, VI, VII e VIII.
10- O plano da História de Portugal, que se verifica existir nos cantos III, IV e VIII, tem grande importância na obra.

B. Orações coordenadas (idem):

1 – A “Aia” é um conto de autor e tem influências do conto tradicional.
2 – A Alcoviteira considerava-se uma mártir, mas acabou por ir para o Inferno.
3 - O Judeu ora mostrava apego à sua religião, ora mostrava amor ao capital.
4 – João Antão roubou os seus fregueses, logo não teve entrada no batel divinal.
5 – Babriel era um frade cortesão, pois sabia esgrimir, dançar e cantar.

C. Formas verbais (classificar tempo e modo):

Verbo ser: Se o comportamento do Procurador tivesse sido exemplar, não teria sido mais um dos condenados
-Talvez seja uma antítese! – considerou o aluno ao analisar o texto - Talvez tenhamos sido bafejados pela sorte!
Verbo ter: tinha, tem; tinha tido; se eu tiver; teria tido;
Verbo haver: hei; houvera; haveria; houvesse; haja;
Lavá-lo: lava-o; lave-o; tenha-o lavado; lavei-o;
Ser ouvido: era ouvido; será ouvido; seria ouvido; seja ouvido;

D – Processos fonéticos

1 – Tentar perceber a evolução do étimo latino até à palavra existente no léxico actual:

Aquilam (águia); buccam (boca); astutiam (astúcia); regem (rei); crinem (a crina); nivem (neve); genu (joelho); currum (carro); fructum (fruto); signum (sinal); caelum (céu)

SHE

"May be the reason I survive"

Elvis Costello

segunda-feira, 16 de maio de 2011

ALGUNS NOMES DE AUTOMÓVEIS DE ORIGEM GRECO- LATINA


1-Alfa Romeo: alfa é a primeira letra do alfabeto grego;
2-Audi: imperativo do verbo audio, que significa ouve tu!
3-Daihatsu Cuore: cuore provém da palavra latina cor, que significa coração;
4-Fiat: em Latim “Fiat” é o presente do conjuntivo do verbo fio, que significa “que se faça”;
5-Fiat Stilo: stilo provém da palavra stilus (quando se pretende dizer “com estilo”, emprega-se a forma "stilo");
6-Ford Focus: focus em latim significa fogo ou habitação;
7-Hyundai Matrix: matrix em latim significa mãe, origem, matriz;
8-Kia Carens: carens é o particípio presente de careo, que significa “que falta”;
9-Lancia Musa: musa que significa musa, poema, génio;
10-Lancia Lybra: libra significa libra, balança;
11-Mini: palavra proveniente de minimum, que significa mínimo;
12-Opel Agila: em Latim há uma palavra semelhante a Agila que é Aquila, significando águia;
13-Opel Signum: signum significa sinal, marca;
14-Renault Modus: modus significa medida, dimensão;
15-Renault Clio: Clio é a musa da História;
16-Renault vel Satis: vel significa em Latim “ou”e satis “bastante”;
17-Skoda Octavia: Octavia é um nome de origem latina;
18-Volvo: em latim existe o verbo volvo, que significa atirar, passar;

domingo, 1 de maio de 2011

Dia da Mãe


Não podia deixar passar este dia, sem umas palavras de homenagem para todas as mulheres que são mães.

É comum ouvir uma mulher, logo após ser mãe dizer que a sua vida mudou, de facto…

Hoje, considero que ainda é mais difícil assumir este papel na sua plenitude.

As mulheres trabalham durante o dia e depois dedicam-se ao papel de mãe. Já tarde encontram o descanso merecido, mas só depois de terem aconchegado os seus filhos, terem verificado as mochilas e decidido qual roupa os seus filhos irão vestir no dia seguinte.

Nestes dias relembro sempre a minha infância em que a minha mãe tinha um papel tão importante, único! Procuro assumir esse papel, agora enquanto mãe.

As mães lutam, sofrem, choram e sorriem pelos seus filhos, é como se o cordão umbilical nunca fosse cortado. Quando lhes perguntam qual o melhor momento da sua vida, a resposta é sempre a mesma: o dia do nascimento dos seus filhos!

A todas as mães quero deixar uma homenagem pelo papel que assumem na formação dos futuros homens e mulheres de amanhã.

Em alturas de crise como a actual, devemo-nos concentrar no importante e dispensar o aleatório, concentremo-nos então naquele momento em que basta sentir o abraço de um filho e de como o nosso coração se ilumina quando ouvimos:

“Mãe, adoro-te. Tu és perfeita!”

A todas… Feliz dia da Mãe!

terça-feira, 26 de abril de 2011

II ACTO- ESPECTÁCULO DE FINAL DO ANO LECTIVO


Os sonhos daquela criança, que regressa entretanto à premência febril da realidade, ficam para trás como nuvens que vão desaparecendo na voragem do horizonte.
Na mente dessa criança, entretanto arrebatada pelos pais, soam, apenas, fonemas imperceptíveis, que adicionados, na sua memória mais recente, se conjugam numa língua cheia de força, de energia, símbolo da honra oriental.

É preciso sair do cais. Estabelecer essa ligação inexorável entre a terra e o mar. Na mente de todos aqueles marinheiros, que preparam o velame, na ânsia de passar o Cabo da Boa Esperança, acresce a necessidade de navegar que lhes transmite o ânimo necessário. Destino final: Calecut, a Índia exótica, o suposto paraíso.
A frota parte, ainda de manhã. Passa Diu. Passa Goa. Passa Malaca. É grande o esforço dos nautas que se confrontam com os turcos, que enfrentam a pirataria, que padecem de escorbuto, de fome… (todo este sofrimento é representado, em palco, por inúmeros petizes que fazem movimentos de bicicleta, iluminados por uma significativa combinação entre o escuro da noite e das luzes artificiais).
Se é difícil transpor obstáculos que cabem no imaginário dos humanos, muito mais é enfrentar Adamastores, Cilas e Caribdis. Estes monstros são projecções virtuais, fruto de uma realidade que atormenta toda aquela marinhagem (em palco alguns alunos dependurados, simulam esses monstros do fim do mundo).
Em Calecut o sol reflecte-se, em tons de laranja, em toda a água do porto. E as águas do porto também reflectem a azáfama no cais. O corrupio é indescritível e são muitos os navios, repletos de bandeiras multicolores. A bordo da frota portuguesa o espanto é do tamanho do mundo. Os marinheiros emudecem. (abre-se um cortinado, em palco. Simboliza a visão do Novo Mundo. Mas a cordialidade inicial do Samorim dá lugar à incompreensão. Em palco ocorre uma simulada luta entre sabres e espadas).

III ACTO

O sonho dos marinheiros é toda aquela cidade multicultural, dourada pelo sol. A cidade branca, que se confronta com a cidade negra, a cidade das sombras (em palco, alunos simulam essa luta, acentuada por jogos de luz).
Fecha-se o pano.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O ESPECTÁCULO DE FINAL DO ANO LECTIVO

I ACTO

Doca de Alcântara, final de uma tarde solarenga de Maio, ano de 2011.
As portas vítreas do Museu do Oriente, onde sobejam as dedadas dos visitantes, são encerradas por um zeloso funcionário. No interior do Museu sobrevém um silêncio sepulcral que em tudo contrasta com um dia de actividade febril. Os olhares interessados, os esgares, os sorrisos dos visitantes, os risos das crianças ecoam apenas na memória daquelas paredes, onde se misturam tons rubros e brancos. Paredes que vigiam sobranceiramente as vitrinas onde reluzem testemunhos da presença portuguesa na Ásia.
Resta o silêncio. Escuridão.
Inesperadamente, um relâmpago. Uma forte luz ilumina, subitamente, a expressão de um samurai quinhentista. De Tanegashima, dirão os entendidos. O seu olhar adquire a seriedade que fez dele um guerreiro eficaz e resistente. O seu primeiro gesto é o de alçar, até à altura dos seus negros olhos, as suas yagate. E vai comprimindo a sua armadura, de lâminas de metal e vai manejando a sua catana, eficaz arma de guerra que o elevou ao patamar da fama no longínquo Japão do século XVI.
Mas…aquele relampejar não é único.
Mesmo ao lado, uma réplica, em cera, de Fernão Mendes Pinto. Ganha alma, o olhar expressão, o tronco vida. Mexe-se vagarosamente e tenta alcançar a espingarda com a qual caçara, com sucesso, no reino do Japão. Cofia a farta barba, ajeita o gibão escarlate…sorri. Meneia a cabeça e reconhece o samurai, que muito apreciara, exemplo de lealdade para com o Nautoquim. E faz uso da sua voz cavernosa: “No Japão existe gente acolhedora…e tesouros!”.
Um novo relâmpago deflagra à sua direita, iluminando a sala semi-escura. Numa terceira vitrina, a figura, em cera, de um arquitecto, que segura uma maqueta, transfigura-se.
Urbanista, planificador, burocrata, sem que haja uma ordem específica nesta enumeração. Articula palavras ao acaso: “translúcido”, “opaco", "luz", "cor", "forma", "peso", "massa".
A meio da sala está sentada uma criança. Escondera-se e aguarda a chegada dos aflitos pais. O seu olhar reflecte a incredibilidade e a alegria, em simultâneo. Três figuras de cera! Três figuras de cera…tinham ganho vida!
Arq. – (saindo da vitrina) Sinto-me perdido neste espaço! (dirigindo-se a FMP) Quem és tu…Bramante? Le Corbusier?
FMP – Sou Fernão Mendes Pinto. Isto aqui não é o reino do Japão…definitivamente! (entretanto mira o guerreiro japonês) Conheço-o! É um samurai famoso (afasta-se). E vêm-me à memória todas aquelas aventuras fabulosas no Japão!
Samurai – Arigato!
Criança (espantada) - Ahhhhhh! E vem cumprimentar todas aquelas personagens, acreditando piamente que o reino da fantasia se tinha sobreposto ao da realidade. Vindos de uma outra sala, renovavam-se, aos magotes, mais e mais guerreiros japoneses (CONTINUA).

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Um outro final para "A Mensagem" de Fernando Pessoa

NEVOEIRO...EM 2011!

Não há PEC! Só FMI, nesta económica guerra,
Que define a Bolsa de Lisboa a entristecer
E muito título desta terra
Com tendência para descer –
Mais um corte da Moody´s…e o país a sofrer!
É que o pessimismo é agora a regra!

Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(fala-se das agências de rating a qualquer hora!)
Tudo é incerto, determinado pelas leis do mercado,
De que na nossa infância nunca tínhamos falado.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...de repente!

Portugal, é a Hora…de fugirmos, ou de aguentarmos estoicamente?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Portugal...there are no adjectives enough!

With so many adjectives in the portuguese language... there is not a single one to describe the political and economical situation of our (beloved) country .

domingo, 3 de abril de 2011

Palavras e expressões-chave de A Mensagem, de Fernando Pessoa


Selecção aleatória, para debate em aula (revisões):

Bandarra ("sonhava")- António Vieira ("Imperador da Língua Portuguesa")- Sebastianismo racional- António Nobre – Índia Nova - misticismo nacionalista - religosidade herética - simbolismo templário e rosicruciano – mitos nacionais – republicanismo – Lusíadas - heráldica – epopeia em verso – “drama em gente” – tédio – Alberto Caeiro – anti-subjectividade – do Decadentismo ao Sensacionismo – Epicurismo – Ataraxia – tradutor – “35 Sonnets” – Secretariado de Propaganda Nacional – Durban – Conservador...mais suave - maçonaria – “Tudo pela Humanidade, nada contra a Nação" – Jacques de Molay – 1934 – mito do Quinto Império – uma nova religião – ocultismo – Ente Supremo que tudo governa – cristão gnóstico – “Sinto-me múltiplo” – Ophelinha – A Pátria de Guerra Junqueiro – O Desejado de António Nobre – O Encoberto de Lopes Vieira – “desnacionalizados” – saudosismo – génese –A ÁguiaOrpheu – Cancioneiro – Livro do Desassossego – Brasão – Mar Português – O Encoberto – Campos – castelos – Quinas – Coroa – Timbre – Portugal – Nuno Álvares Pereira –“ Benedictus Dominus Deus Noster qui dedit nobis signum” – “A Europa jaz” – vocação para a viagem – românticos cabelos – triunfo da dor – “Pai, foste cavaleiro” – Mitos (histórias exemplares e simbólicas): Adamastor, Velho do Restelo, Ilha dos Amores – “Este, que aqui aportou” – interacção mito-realidade – um terceiro português – “O plantador de naus a haver” – “Louco, sim, louco…”- traço ôntico-biográfico – elogio da loucura – quina- “É Excalibur, a ungida” – halo - "E a orla branca foi de ilha em continente” – alta missão – Infante-sonhador – “manda a vontade que me ata ao leme” – paralelo – “Quantas noivas ficaram por casar”- “Triste de quem vive em casa” - advento – “Excalibur do Fim” – “Nem rei nem lei, nem paz nem guerra” – “É a hora!”

sexta-feira, 1 de abril de 2011

PSEUDO-EXERCÍCIOS DE GRAMÁTICA…DO DIA 1 DE ABRIL (DIA DAS MENTIRAS)



PSEUDO-EXERCÍCIOS DE GRAMÁTICA…DO DIA 1 DE ABRIL (DIA DAS MENTIRAS)- "RIDENDO NIHIL CASTIGAT"

Os alunos deverão utilizar o Dicionário de Língua Portuguesa.

1. Sublinha, nas seguintes frases, os SUBSTANTIVOS CAPILARES que encontrares:

- Ele tinha os cabelos em pé, porque avistou um dendrólito.
- O Manuel já não fazia a barba há dois dias, o que resultou numa dermatosclerose.
- A Manuela foi ao cabeleireiro.
- O Andrade adora o seu tricofilo.


2. Identifica ADJECTIVOS SEBÁCEOS nas seguintes frases:

- O Manuel é consideravelmente mais nédio do que o Joaquim.
- A Maria não se considera obesa.
- A Joaquina está menos volumosa do que há dois meses atrás e é menos afectada pela dermatorreia.

3. Sublinha, agora, as formas VERBAIS CINÉTICAS:

- O Jesualdo fugiu de um local que considerava perigoso.
- O Manuel desatou a fugir.
- O António correu para apanhar o autocarro.

4. Infere pelo contexto os seguintes termos da medicina:

- O André curou-se através da geloterapia e das consultas com o seu geriatra.
- A Maria tinha aerofobia e progeria.
- O Manuel fez uma lutroterapia.

5. O substantivo "carpos", em grego, significa fruto. Tenta perceber as seguintes palavras:

- carpofagia
- carpófago
- carpologia
- carpomania
- policarpo
- metacarpo

quarta-feira, 23 de março de 2011

Monument to the Discoveries – “Padrão dos Descobrimentos”

Last Saturday I went with my students to an outdoor activity, the topic was “A Morning in Belém”.

We went on a guided tour to Padrão dos Descobrimentos, where we leant the monument was first erected in 1940 and designed by the architect Cottinelli Telmo and the sculptor Leopoldo de Almeida.

This monument to the discoveries was completed in 1960, for the celebration of 500th anniversary of the death of Prince Henry the Navigator.

Henry the Navigator, son of Queen Filipa de Lencastre and King João I, was known in history as symbolizing the glory of discoveries.

In front of the Monument to the Discoveries we can find the “wind rose” made from marble donated by the republic of South Africa. There we can find the main routes of the Portuguese voyages of discovery.

Outside this caravel shaped monument several individuals of Portuguese history are displayed, Prince Henry the navigator holding a caravel in his hands, Queen Filipa de Lencastre (his mother and the only woman in the monument), Fernão Mendes Pinto (writer), Luis Vaz de Camões (Poet), Gomes Eanes Zurara (Chronicler), Vasco da Gama (Navigator), Pedro Álvares de Cabral (Navigator), Diogo Cão (Navigator), among other.

The guided tour was fantastic, the lanscape on the top of the monument was magnificent and I also have to praise the movie about Lisbon – “Lisbon Experience” .

Once we’re in Belém we couldn't resist and this activity was followed by a quick bite at the famous Pastéis de Belém!

It was a remarkable morning spent with my students…

As frases da semana



Segunda-Feira - "Medice, cura te ipsum"
Terça - "Jeu de mots"
Quarta - "Carpe diem!"
Quinta - "Genus irritabile vatum"
Sexta - "Scribo, ergo sum!"

quarta-feira, 9 de março de 2011

GRAMÁTICA & GASTRONOMIA


1 - Assinala os substantivos existentes nas seguintes frases. De seguida, acrescenta um adjectivo e um advérbio a cada uma das frases.

-Derreta a manteiga em banho-maria;
- Gosto de frango assado com arroz;
-A tarte de maçã ganha consistência no frigorífico;
- O arroz acompanha a Feijoada à Transmontana;

2- Passa para o Pretérito Imperfeito do Conjuntivo os tempos verbais das frases anteriores, fazendo as alterações necessárias.

3- Indica as funções sintácticas da seguinte frase:

O bife do lombo é muito tenro, no entanto prefiro o bife estufado.

4 – Analisa sintacticamente as seguintes expressões:

Escassos minutos gastei a cozinhar o meu hambúrguer;

Velhos são os tachos!

5- Divide e classifica as seguintes orações:

O cozinheiro, que trabalha, vence as dificuldades;

O hambúrguer é um óptimo prato, (utiliza uma conjunção subordinativa condicional) for acompanhado de arroz branco.

Ele fez tudo, para que os “rins com vinho do Porto” tivessem bom sabor;

TESTE DO 9º ANO – MARÇO DE 2011




I – itens de resposta fechada sobre Os Lusíadas (é aconselhável reler a adaptação de Amélia Pinto Pais e estudar os episódios analisados até ao momento);

II – Redacção de um texto expositivo (70 a 100 palavras) sobre um dos episódios estudados;

III – GRAMÁTICA

MORFOLOGIA

Nomes; adjectivos; pronomes; preposições; advérbios; verbos (regulares e irregulares); verbos transitivos, intransitivos e copulativos; tempos compostos; locuções prepositivas; formação de palavras; pontuação;

SEMÂNTICA

Hipónimos e hiperónimos;

SINTAXE

Voz activa e voz passiva; Constituintes da frase (tipos de sujeito, predicado, complementos); frase complexa; orações coordenadas e subordinadas (estudar todas!)

O ROMANCE DE AMADIS (2º EPISÓDIO)


Filmado nos estúdios da TVM, na zona Oeste, no segundo episódio predominaram os big close-up. Planos, esses, escolhidos criteriosamente pelo realizador Anastácio Silva, aclamado em Cannes, devido à realização da longa-metragem “Uma tarde de Outono”.

Mais uma vez o anel…e Darioleta (cf. imagem)!

Depois da caçada (um veado e um leão jaziam num palafrém), todos se juntaram nos paços para realizar um enorme festim.
E, entre a multidão, cintilavam a virtuosa Elisena e Perion, grande cavaleiro !
Elisena, quando ia acompanhar a Rainha que se deslocava para os respectivos aposentos, deixou cair um anel e, quando se baixou para o apanhar, foi surpreendida por Perion que já lho entregava em mão. Elisena corou! Quanto ao anel…bem, esse acabou por ser um símbolo daquele amor indestrutível!
Elisena contou, então, tudo o que sucedera à sua confidente, uma donzela da corte que se chamava Darioleta(personagem crucial neste segundo episódio). E colocou-lhe uma questão (calma, já vais saber qual é!)…
Darioleta dirigiu-se, então, para os aposentos de Perion e este confidenciou-lhe a sua paixão por Elisena, tal como a Infanta o tinha feito anteriormente em relação ao nobre cavaleiro. Aliás, Perion estava (segundo uma expressão de sua autoria) “a ponto de morrer” por Elisena!
Ambos (Elisena e Perion) souberam por Darioleta que se amavam loucamente e Perion assumiu a vassalagem amorosa, jurando sobre a cruz e a espada que defenderia, intransigentemente, a sua amada.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A TVM (Televisão Medieval) apresenta:


De segunda a sexta-feira, às 21.00h, a série que foi líder de audiências durante séculos.

Com a participação especial dos actores Anastácio Mendes, Ondina Maria, Etelvina Santos, Fagundes dos Santos, Otília Simão, entre outros.

AMADIS…O ROMANCE


1º episódio

O autor reúne à sua volta um grupo de ouvintes e narra-lhes uma história que poderia ter sido escrita por um trovador português (este talvez se chamasse João de Lobeira). Esta história era um conto de amor extraordinário e com ela se poderia, seguindo o exemplo do protagonista, ser forte, gentil e honrado.
No século I d.c, havia um rei de nome Garinter, que tinha duas filhas, Dona de Guirlanda e Elisena.
Certo dia, em pleno combate, conheceu o rei Perion de Gaula, um guerreiro extraordinário, que cometeu a proeza de matar um leão. Por isso era conhecido como o "mais esforçado cavaleiro da época”.

VEJA, NOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS, COMO PERION CONHECE ELISENA E POR ELA SE APAIXONA…

Estar atento…

Num destes dias, estava eu a dar a minha aula e deparei-me com uma situação que partilho convosco.

O tema era o vestuário (em Inglês) e como os alunos haviam feito teste há dois dias e os resultados neste tema não foram os esperados, resolvi trabalhar mais o assunto e como “homework” teriam de descrever o que alguns dos seus familiares tinham vestido nesse dia (teriam de incluir o parentesco e cores do respectivo vestuário).

Logo começam os chorrilhos de perguntas: “Que familiares”, “Quantos”? Respondi que poderiam falar do pai, da mãe e se quisessem do/dos irmãos.

Um menino na primeira fila, levantou o dedo para fazer uma pergunta e quando autorizei que a fizesse, disse: “Teacher, mas se eu escrever sobre o meu irmão mais velho, ele só usa pijama e passa o fim-de-semana em casa a ver TV.” Com paciência, reforcei que poderia ser qualquer membro da família.

Muitos mais alunos estavam com o dedo levantado, esperando a minha autorização para poder falar. Autorizei uma menina a fazer a pergunta e ela disse: “ Eu não vejo o meu pai”. Estranhei, mas logo disfarcei a situação dizendo que inventassem, ou descrevessem o vestuário que o familiar tinha na última vez que o tivessem visto. Inclusive, dei o exemplo que por vezes os pais podem ter de viajar em trabalho para outro país. Mesmo que isso tivesse acontecido e tivessem estado algum tempo sem o ver… poderiam inventar. Não fazia mal!

As perguntas não paravam e eu queria terminar a conversa, mas, uma outra menina disse timidamente: “mas eu não tenho pai”. A sua voz mal foi ouvida pelos colegas e eu de imediato retorqui: “faça sobre a sua avó, aquela senhora simpatiquíssima que a ajuda sempre a arranjar a mochila para o dia seguinte” (socorri-me de uma situação que se havia passado noutra aula com essa mesma aluna).

Finda a aula e tendo os alunos saído para o intervalo, falei com a educadora desse ano sobre estas situações. Soube que a primeira menina sofria do afastamento do pai desde tenra idade e a segunda nunca conhecera o pai, pois falecera num trágico acidente, ainda a sua mãe estava grávida.

Não consigo explicar o que senti. Ainda que sem saber mudei de assunto para que elas não fossem prejudicadas, ou os seus colegas comentassem o que fosse, mas levantara-se a questão de como, nós professores, temos de estar atentos, principalmente quando ensinamos crianças e jovens, cuja maturidade ainda não permita que se protejam a si próprios.

Principalmente em disciplinas como o Inglês, ou outras línguas estrangeiras, em que ensinamos temas como "os elementos da família” e usamos os seus exemplos, ou festejamos o Dia do Pai ou Dia da Mãe, temos de estar atentos!

Aquelas meninas ficaram no meu pensamento durante dias, tão tenra idade e já sofrem tanto e contudo são crianças tão doces e meigas (ainda guardo comigo o desenho que uma delas me deu, repleto de flores de cores brilhantes para a sua "teacher")!

Com todos partilho este sentimento, pois de facto nós, professores, temos de estar atentos e saber improvisar perante situações como as que referi e acima de tudo saber proteger as crianças