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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar, de Luís Sepúlveda

1 – O RESUMO

O autor chileno apresenta-nos a história de um gato grande e gordo e de uma gaivota, Kengah, que é apanhada por uma maré negra de petróleo e que, às portas da morte, após pôr um ovo, obriga o seu novo amigo, Zorbas, a prometer-lhe que não o comerá, que criará a sua cria e a ensinará a voar.

Para esta tarefa, Zorbas, o gato, vai necessitar da ajuda dos seus amigos, outros gatos habituados à vida dura do porto de Hamburgo (é de lembrar que Sepúlveda esteve refugiado na Alemanha, ele que foi sempre um activista político), Secretário, Sabetudo, Barlavento e Colonello. Zorbas vai cumprir a sua promessa até ao fim, pois o seu código de honra – o dos gatos do porto - assim o exige. A tarefa é árdua, mas Zorbas não desiste. Ele vai chocar o ovo até a pequena gaivota nascer, alimenta-a, procurando insectos e protege-a de uma ratazana que a quer comer. Chamou-a Ditosa e restava, agora, a última e mais difícil tarefa, ensiná-la a voar.

Zorbas precisa da ajuda de um humano, decide então falar com um humano e o escolhido é “O Poeta” (Sepúlveda começou por ser um poeta e mais tarde tornou-se prosador. No entanto, neste livro a poesia está omnipresente). Após o susto inicial, por ver que Zorbas conseguia falar com ele, ou como o gato dizia "miar na língua dos humanos", o humano ajuda o gato e ambos conseguem que Ditosa voe.

Luís Sepúlveda apresenta-nos uma fábula onde o Homem é criticado pelo seu papel de destruidor do meio ambiente. De assinalar que o próprio autor foi activista do Greenpeace, pelo que a acção nefasta do homem na natureza é assinalada com veemência (tenha-se em conta a catástrofe inicial, a morte de Kengah).

Contudo, a mensagem principal do autor está resumida na última frase de Zorbas: “Que só voa quem se atreve a fazê-lo”… e os poetas vão sempre mais além.

Uma obra cuja leitura é aconselhável a jovens e adultos (é de relembrar que os leitores/destinatários de Esopo…eram sobretudo adultos), e que nos faz pensar no nosso papel no universo, alertando-nos para os verdadeiros valores, por vezes tão esquecidos: a convivência entre seres distintos (gatos/gaivotas/”poetas”), a preservação da natureza.

1 comentário:

  1. Bem, claro que o autor ao escrever este texto, queria deixar uma mensagem aos seus destinatários, mas não podemos deixar de considerar que este texto representa um ideal, que não pode ser atingido naturalmente. Contudo é explicito neste texto a tendência ambientalista deste autor, que não deixa de alertar para o facto do homem estar a usufruir da natureza mal, segundo o ponto de vista do autor. No seguimento desta ideia, creio que existe um pessimismo patente neste livro acerca da acção do Homem da natureza, e uma certa desvalorização do papel do Homem no universo, que é algo que não consigo concordar...

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