«A vida não é feita para construir, mas para semear. Na ampla dança de roda, desde o início até ao fim, passa-se e espalha-se a semente. Talvez nunca a vejamos nascer porque, quando despontar, já não existiremos. Não tem qualquer importância. O que importa é deixarmos atrás de nós qualquer coisa capaz de germinar e de crescer»,in Tamaro, Susanna, «A Alma do Mundo», Editorial Presença, 1998, p. 196.
Sintra
domingo, 28 de novembro de 2010
UM OUTRO FINAL PARA AMOR DE PERDIÇÃO, DE CAMILO CASTELO BRANCO
O Outro Mundo seria o Paraíso, local de reencontro de Simão e Teresa. Esta, com apenas dezoito anos, faleceria ao romper da aurora, numa agonia terrível.
O jovem, filho de Domingos Botelho e Rita Preciosa, pereceria de febre maligna, no beliche do navio no qual embarcara para o exílio, desesperado por não ter podido casar com Teresa e tentando não perceber (geralmente olhava para o lado, ou assobiava), que Mariana o amava de uma forma lancinante.
Mariana atirar-se-ia ao mar, um pouco antes do cadáver de Simão ser lançado às profundezas do Atlântico. A filha de João da Cruz morreria perto de Simão e, à tona da água, surgiriam os testemunhos daquele amor mítico entre Simão e Teresa, em forma de correspondência.
ALTO AÍ!
As três personagens reunidas em consílio reivindicativo, deliberaram que o final desta novela de capa e espada não seria bem assim! Em carta formal indicada para o efeito, revelaram a Camilo a sua indisponibilidade para um fim tão trágico e hediondo. Isto, apesar de respeitarem as memórias da família Castelo Branco e, sobretudo, o autor.
Teresa, Mariana e Simão pretendiam assumir a grandeza e a vida de homónimos famosos. Assim, Simão emigrou para Madrid onde se tornou um extremo-esquerdo de renome. Sempre que transpunha os balneários do Vicente Calderon, o estádio vinha abaixo e os colchoneros não lhe poupavam elogios. As memórias de Teresa conservou-as em forma de tatuagem, no braço esquerdo. Mariana também emigrou, mas para o reino de Inglaterra, para Sherwood, onde casou com o famoso Robin Hood. Teresa ficou em Portugal, mas com um outro nome: Teresa de Leão. Seria a mãe do mítico Rei-Fundador!
A Camilo nada mais restou do que substituir Teresa, Mariana e Simão por outras personagens, copiando descaradamente as personagens de uma outra obra romântica. Assim, Eurico acabou por ser Simão, Teresa foi substituída por Hermengarda e Mariana por Pelágio.
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