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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

UM OUTRO FINAL PARA O CONTO "CIVILIZAÇÃO" DE EÇA DE QUEIRÓS


"Os arvoredos frondosos de Torges de um verde-vivo quase fluorescente, os riachos que espelhavam a exuberância das vinhas, os rochedos predominantemente graníticos, como que esculpidos pela própria mãe-natureza".Faltava algo naquele exercício de escrita realista, onde era notório existir uma sobrecarga de pormenores descritivos, que potenciavam o efeito do real, considerou Jacinto enquanto alisava o farto bigode.
E acrescentou ao razoado, escrito com incrível mestria, o voar e o zumbido de uma mosca.
Subitamente foi dominado por um tédio desmesurado. Sentia falta de todos os antigos aparelhómetros que faziam parte do recheio do Jasmineiro e que eram símbolos de uma civilização que recusara há algum tempo. Relembrava, com saudade, o telemóvel de última geração, o portátil que utilizava para escrever textos bucólicos, a PSP 2 com a qual se divertia em jogatanas demoradas em cenários multicolores.
Por outro lado, já tinha lido A Ilíada e ficara revoltado com a morte de Heitor, lera a História da Grécia, a muito custo, porque só possuía a versão em grego. Analisara criticamente o D. Quixote ao pé do moinho da sua herdade e, por fim, as Crónicas de Froissart.
A verdade é que sentia saudades de ler uma boa história em B.D e folhear, ao acaso, os inúmeros exemplares da sua hemeroteca.
Suspirava! Do mais fundo do seu ser ansiava por um cheeseburguer. Um bom cheeseburguer citadino, ladeado por batatas fritas, salada e pickles. Estava farto do caldo de galinha, da broa, do arroz com favas que o solicito Zé Brás lhe punha à frente.
E regressou! Apanhou, com uma urgência febril, o TGV no Poceirão. A extraordinária e rápida viagem terminou em Paris. Nessa tarde passeou calmamente na cosmopolita cidade, visitou o Louvre, rilhou um croissant frente ao Arco do Triunfo, foi à Opera e terminou o dia no "L´Ambroise", onde degustou um saboroso coq au vin.
O regresso ao Jasmineiro foi verdadeiramente épico e aí viveu "à grande e à francesa".

VIVE ET REGNA, FORTUNATE JACINTHE!

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