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sábado, 6 de novembro de 2010

EM DEFESA DE O VELHO E O MAR


O Velho e o Mar não é um livro comum, mas antes um tratado implícito sobre a redacção de uma novela exemplar. E como fazê-lo? Seguindo o exemplo de Hemingway! Ou seja, utilizando poucas personagens, uma estrutura linear com o recurso pontual a analepses, uma linguagem simples que sirva a coerência narrativa e tudo isto em menos de 150 páginas (é crucial perceber que esta novela tem muito de autobiográfico, ou seja a mundividência do autor e alguns momentos da sua própria vivência estão lá presentes ). Todos estes ingredientes tornam a leitura muito interessante, fluente! E, como se costuma dizer (ou como o próprio Hemingway diria), as coisas simples são as melhores!
O conflito existente na diegése é, em simultâneo, extrínseco e intrínseco em relação ao protagonista. O Velho já não pescava há oitenta e quatro dias (antes já tivera uma situação semelhante) ! Assim, cabe a Santiago repor uma reputação construída ao longo de anos, fruto da sua competência, "das suas manhas". Considerava o velho pescador que "um homem pode ser destruído, mas não derrotado" (Hemingway, 2002: 9)e por isso reage. Solitário, pesca um enorme peixe "de listras purpúras", resiste aos tubarões que lhe devoram esse mesmo peixe, sempre com muita correcção, sempre com um código de honra que o orienta. De tal forma que considera o seu oponente marinho como um irmão, a quem muito respeita.
Na intriga existem frases marcantes (e elas são importantes nos grandes livros), mas há uma que determina tudo ou seja a alteração da forma como na aldeia consideravam o Velho e passo a citar: "Mas que peixe! - disse o proprietário. - Nunca se viu um peixe assim." (Hemingway, 2002: 129). Santiago tinha reposto a sua condição de grande pescador!
Do seu exemplo, da sua enorme coragem, resulta uma lição: para que se consiga "pescar um enome peixe" é preciso saber-se sofrer! Como diria Pessoa: "O super-homem é aquele que tiver maior capacidade de sofrimento!"
No final da história, Santiago volta a ser considerado por Manolim e por toda a aldeia como grande pescador e a felicidade do momento fá-lo sonhar com um episódio feliz passado em África: "O velho estava a sonhar com os leões" (Hemingway, 2002: 134).

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