Capítulo IV – Ofélia, Rubina e um
plano…
Mas
afinal o que era «ser como eles», perguntas tu?!
Ofélia
queria, tal como eles, brincar, saltar, jogar ao eixo, jogar à macaca, saltar à
corda, jogar à bola, correr livremente, dizer disparates, enfim, ser feliz.
Queria ser criança! Sentia-se presa ao cumprimento do seu dever, mas feliz por
ajudar em muitas ocasiões os miúdos. Sobretudo os alunos da turma C, como irás
perceber mais adiante.
Rubina,
a borracha, era a sua melhor amiga. Tinha o formato de um paralelepípedo e se
metade do seu corpo de borracha era branco, a outra metade era vermelha. O
filho mais pequeno do professor Antero pensara, até, que era um gelado e em
mais de uma ocasião já a tentara trincar. À noite, sempre que o professor
Antero se ia deitar, Ofélia e Rubina conversavam sobre as peripécias do dia.
-
Hoje ajudei vários meninos. – Informava Ofélia, com a sua vozinha de cana
rachada.
-
Como? – Perguntava Rubina, com um sorriso.
- Olhaaaaa!
Quando o nosso dono ia escrever anotações, sequei momentaneamente. Ele abanou-me,
abanou-me, os miúdos riram, mas eu…nada. Não escrevi nem uma letra, nem um
traço, nada!
Rubina
sorriu. Conhecia bem a amiga e a sua caridade. Numa ocasião livrou-a até das
terríveis intenções de um X-Ato, que a queria cortar. «Os amigos são para as ocasiões»,
dissera por essa altura a caridosa caneta. Rubina disse-lhe, então:
-
Se gostas tanto deles, poderias ajudá-los de outra forma.
-
Ah, sim? – Perguntou Ofélia interessada – E como?
Rubina
segredou ao ouvido da amiga, durante uns bons dois minutos. Eu que vi tudo
percebi que o plano era sério, porque durante esse tempo um «bçççççbççççççbççççççbççç» tomou conta
daquele espaço.
Carlos Marques
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