Capítulo III – Ofélia e a sua
história
Já
tens uma ideia, ligeira digamos, sobre a Ofélia, CERTO?! Como já te tinha contado, Ofélia era um bom coração, uma caneta que cuidava das suas semelhantes, que
as ajudava sempre que lhes faltava a tinta, independentemente da cor, ou que as
tentava reparar com fita-cola, sempre que os descuidados donos as partiam.
Ofélia não era uma caneta de tinta permanente, em resina. NÃO! Ofélia era uma simples caneta de plástico, mas tinha um
coração que valia muito.
O
professor Antero, que tinha um magnífico quintal em casa onde se entretinha a
ler e a escrever poesia, bem como a ler livros sobre os Açores, a sua terra
natal, comprara-a num supermercado por uma pechincha:
-
É exatamente este tipo de caneta que quero! – Dissera na altura, seduzido pelo
traço fino e pelos poucos cêntimos que gastara.
Durante
a aula daquele dia, Ofélia voltou a entrar em ação. Ora era era um menino que tinha «intervenções desordenadas»,
ora era outro que «não fizera os t.p.c». Ofélia tinha pena deles e, ao mesmo
tempo, invejava-os.
Sempre
que a aula terminava, empinava-se na mesa do professor e dava um salto (UPA!!!) até à carteira de um aluno,
junto à janela da sala de aula. Do primeiro andar, via todos os meninos a
brincar e suspirava:
- Ai! Ai!
Quem me dera ser como eles. – Murmurava, cansada de tanta responsabilidade. E, nessa altura, era habitual que lhe
escorresse uma pequena lágrima pelo cano transparente…
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