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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Estar atento…

Num destes dias, estava eu a dar a minha aula e deparei-me com uma situação que partilho convosco.

O tema era o vestuário (em Inglês) e como os alunos haviam feito teste há dois dias e os resultados neste tema não foram os esperados, resolvi trabalhar mais o assunto e como “homework” teriam de descrever o que alguns dos seus familiares tinham vestido nesse dia (teriam de incluir o parentesco e cores do respectivo vestuário).

Logo começam os chorrilhos de perguntas: “Que familiares”, “Quantos”? Respondi que poderiam falar do pai, da mãe e se quisessem do/dos irmãos.

Um menino na primeira fila, levantou o dedo para fazer uma pergunta e quando autorizei que a fizesse, disse: “Teacher, mas se eu escrever sobre o meu irmão mais velho, ele só usa pijama e passa o fim-de-semana em casa a ver TV.” Com paciência, reforcei que poderia ser qualquer membro da família.

Muitos mais alunos estavam com o dedo levantado, esperando a minha autorização para poder falar. Autorizei uma menina a fazer a pergunta e ela disse: “ Eu não vejo o meu pai”. Estranhei, mas logo disfarcei a situação dizendo que inventassem, ou descrevessem o vestuário que o familiar tinha na última vez que o tivessem visto. Inclusive, dei o exemplo que por vezes os pais podem ter de viajar em trabalho para outro país. Mesmo que isso tivesse acontecido e tivessem estado algum tempo sem o ver… poderiam inventar. Não fazia mal!

As perguntas não paravam e eu queria terminar a conversa, mas, uma outra menina disse timidamente: “mas eu não tenho pai”. A sua voz mal foi ouvida pelos colegas e eu de imediato retorqui: “faça sobre a sua avó, aquela senhora simpatiquíssima que a ajuda sempre a arranjar a mochila para o dia seguinte” (socorri-me de uma situação que se havia passado noutra aula com essa mesma aluna).

Finda a aula e tendo os alunos saído para o intervalo, falei com a educadora desse ano sobre estas situações. Soube que a primeira menina sofria do afastamento do pai desde tenra idade e a segunda nunca conhecera o pai, pois falecera num trágico acidente, ainda a sua mãe estava grávida.

Não consigo explicar o que senti. Ainda que sem saber mudei de assunto para que elas não fossem prejudicadas, ou os seus colegas comentassem o que fosse, mas levantara-se a questão de como, nós professores, temos de estar atentos, principalmente quando ensinamos crianças e jovens, cuja maturidade ainda não permita que se protejam a si próprios.

Principalmente em disciplinas como o Inglês, ou outras línguas estrangeiras, em que ensinamos temas como "os elementos da família” e usamos os seus exemplos, ou festejamos o Dia do Pai ou Dia da Mãe, temos de estar atentos!

Aquelas meninas ficaram no meu pensamento durante dias, tão tenra idade e já sofrem tanto e contudo são crianças tão doces e meigas (ainda guardo comigo o desenho que uma delas me deu, repleto de flores de cores brilhantes para a sua "teacher")!

Com todos partilho este sentimento, pois de facto nós, professores, temos de estar atentos e saber improvisar perante situações como as que referi e acima de tudo saber proteger as crianças

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