«A vida não é feita para construir, mas para semear. Na ampla dança de roda, desde o início até ao fim, passa-se e espalha-se a semente. Talvez nunca a vejamos nascer porque, quando despontar, já não existiremos. Não tem qualquer importância. O que importa é deixarmos atrás de nós qualquer coisa capaz de germinar e de crescer»,in Tamaro, Susanna, «A Alma do Mundo», Editorial Presença, 1998, p. 196.
Sintra
segunda-feira, 26 de julho de 2010
SOBRE O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ
Jorge Amado, tal como outros escritores, começou por contar histórias ao filho Jorge, enredo esse que depois passou à escrita. A narração centraliza-se num Gato (diferente do que foi imaginado por Lewis Carroll), que é aparentemente um anti-herói, um misantropo declarado (considere-se que estamos a falar de uma fábula) e, pior do que isso,um misantropo despreocupado. O Gato Malhado contracena com uma Andorinha bela e jovem que tinha o atrevimento de o considerar feio (eís um tema ocorrente nesta narrativa, a distinção entre o ser e o parecer). Mas o que é mais surpreendente nesta história, para além da mundividência do autor, da realidade exótica do Brasil traduzida em vocábulos próprios, são as considerações de Jorge Amado sobre a história que construíu. Utlizou o autor uma espécie, modernizada, de "medias res", conferiu grande importância à descrição da Andorinha destacando essa descrição em página própria, interpelou o leitor sobre a forma inovadora como apresentou a sua história que poderia estar ordenada de forma linear, agitou a consciência dos académicos do seu país. Sem dúvida uma série de considerações metanarrativas que surgem de forma muto surpreendente numa história para miúdos. Conclusão: uma
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário