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sexta-feira, 30 de julho de 2010

ENTREVISTA COM MST (2)

Tal como Camões, MST levou dez anos a "preparar" (Santos, 2010: 110)o seu livro "Equador", através de um trabalho intenso de pesquisa, incluindo duas deslocações (provavelmente onerosas) a São Tomé e Príncipe e profunda reflexão sobre a história e a sua estrutura. Notável!
Ora isto é extraordinário e revelador da profunda envolvência do escritor na elaboração do seu romance e, mais, da sua persistência a la longue.Não há dúvida que um texto desta dimensão é um "tecido" que é preciso elaborar com muita paciência (no caso ao longo de dez anos), sem que o tempo esmague a concentração no objectivo a que o escritor se propôs: o nascimento de mais um filho. As grandes obras são, pois,... obras de paciência, tal como o é a pópria gestação humana!
MST fala, mais adiante, de se"esticar uma história"(idem, 111), o que é muito curioso! Ser romancista equivale a ter esta noção (obrigado MST!)...a do alongamento. Essência perfeitamente contrária à da poesia, muito mais sincrética. A linguagem poética é imediatista e muito mais fácil de modelar!
Questão crucial para MST: a de "agarrar o leitor", aquilo a que chama de "método televisivo de trabalho". É preciso uma energia muito especial (e muitas técnicas de escrita) para que o leitor mantenha a sua concentração no texto.
E refere uma outra coisa que achei importante: a de muitos autores portugueses se deslumbrarem com a forma como escrevem (na entrevista realizada por JRS a saramago, este refere exactamente o contrário de MST,concedendo grande importância à linguagem). Roman Jacobson (ele que concebeu a função poética da linguagem) ficaria certamente desiludido com MST? E José Luís Peixoto (de quem MST fala elogiosamente)?
Continua a entrevista. E certamente (todos) concordamos que é inegável a universalidade de "Equador". E (todos) concordamos que é um romance de personagem (ens), pois estas foram minuciosamente elaboradas e descritas, po isso a acção centraliza-se em torno das mesmas. MST cega a falar de uma convivência diária com elas.
Por esta altura (p.116), escritor tem o traço narcísico de se perpetuar: "...fiz filhos casas, livros, coisas que ficam depois de mim", refere (Santos, 2010: 116).
Bom ...deixo estas minhas considerações, porque a polémica sobre o selecionador nacional está ao rubro!

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